Temos pena. Hoje não.

dezembro 27, 2009

E depois chegavas.
Depois de todas aquelas vezes em que o telefone tocava o som de uma mensagem e não eras tu.
Chegavas e era madrugada dentro. Estava frio, muito frio lá fora e tu, encharcado, tocavas à porta e quando eu abria tu sorrias e dizias que ali estavas há horas, com medo de tocar, com medo de me tocar.
E depois chegavas. Chegavas mais perto, chegavas tão perto que já te sentia e sabia o que nos esperava em seguida, mas tu esperavas e adiavas a entrega que trazias nos olhos, a saudade que trazias nos lábios e o desejo que trazias nas mãos.
E depois chegavas, chegavas tão perto que já nem tu sabias, que já nem tu querias guardar mais essa inútil distância, e sem palavras tomavas o comando das circunstâncias e em silêncio, como tão bem sabes fazer, tomavas-me a mim.
Tu chegavas, por fim tu chegavas.
Mas eu acordei.

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